Pe. CAFFERREL - FUNDADOR DAS ENS.

Henri Caffarel (1903-1996) foi, segundo o Cardeal Lustiger, Arcebispo de Paris, "um profeta do século XX. Foi, desde a sua juventude, um homem arrebatado por Deus e que disse sim à ascendência divina. Sua vida se orienta a partir de março de 1923, quando "encontra" Cristo: será sacerdote, para levar os homens e as mulheres de sua época a fazer a experiência de Deus, como ele mesmo a fizera. Funda as Equipes de Nossa Senhora e a revista L'Anneau d'Or para ajudar os casais a caminhar rumo à santidade no seu casamento e por meio dele. Funda também o Agrupamento Espiritual das Viúvas para revelar-lhes que o amor é mais forte que a morte. Lança os Cahiers sur L'Oraison e anima Semanas de Oração em Troussures, para ensinar a todos a ciência e a arte da oração interior, preparo para entrar totalmente no projeto de Deus e trabalhar por seu Reino. Além dos movimentos que fundou, deixou numerosos livros destinados a suscitar "buscadores de Deus", esse Deus que amou e serviu com paixão. (Henri Caffarel - Um Homem arrebatado por Deus - Jean Allemand).

Quando os casais se exercitam no auxílio mútuo e no amor fraterno, pouco a pouco o seu coração se dilata e, gradativamente, o seu amor conquista a casa, o bairro, o país, até atingir as mais distantes paragens.

"O teu amor sem exigência me diminui. A tua exigência sem amor me desencoraja. O teu amor exigente me engrandece". (do livro Reunião de Equipe)

Pe. Caffarel e as ENS 

 

Uma das condições para entrar nas ENS é ter o desejo de progredir espirtualmente, pessoalmente e em casal. Este desejo pode enfraquecer e se perder nas areias do hábito e da rotina É indispensável conservá-lo e renová-lo. O Pe. Caffarel no-lo recorda com frequência: nas ENS, é preciso visar o essencial. As trocas de idéias, as sólidas amizades, o auxílio mútuo material e moral, tudo isso não é o objetivo primeiro. O essencial é procurar Cristo.

A única intenção verdadeira, aquela que corresponde à finalidade das Equipes, é a vontade de melhor conhecer a Deus, de melhor amá-lo e de melhor serví-lo.

Se a união com Cristo é para vocês o essencial, e se as ENS lhes parecem ser o meio providencial para alcançá-lo, então eu lhes digo que as Equipes devem ocupar um lugar essencial nas suas vidas

A lealdade exige que os membros de um Movimento não entrem nem permaneçam nele se a sua intenção não corresponde ao ideal proposto pelo Movimento.

Como seriam fortes, santificantes e irradiantes as nossas equipes, se todos os seus membros só entrassem e permanecessem nelas para Deus.

(do livro Textos Escolhidos - Pe. Caffarel)

 

PADRE CAFFAREL: ALGUNS TRAÇOS DESSA FISIONOMIA SINGULAR

 

À primeira vista, o Pe. Caffarel era um olhar. Esquecíamo-nos rapidamente de sua baixa estatura, de sua silhueta franzina, de seu rosto cinzelado, fascinados por seus olhos negros e vivos que nos escrutavam em profundidade. À medida que falava, e conforme o assunto, víamos neles uma repentina gravidade ou um clarão malicioso. E ficávamos atentos à sua palavra cheia de convicção e sempre cativante que exprimia um pensamento longamente amadurecido na reflexão, na meditação e na oração. Depois, ao trabalharmos com ele, descobríamos aos poucos as várias facetas de sua personalidade.

O que impressionava logo era a sua exigência consigo mesmo e com os outros. Em primeiro lugar no plano intelectual. Colocava em altíssimo lugar o rigor no pensamento e a beleza na forma. Essa exigência de perfeição presidia também à organização dos grandes encontros dos responsáveis das ENS. Tudo era minuciosamente pensado e previsto.

No plano espiritual, podemos imaginar que exigia muito de si próprio, a fim de poder enfrentar as múltiplas tarefas que assumira. E sobretudo para poder desempenhá-las no clima de oração que parecia indispensável para realizar a obra do Senhor.

(Henri Caffarel - Um Homem Arrebatado por Deus - Jean Allemand)

 

Padre Caffarel - Profeta do Matrimônio

 

" Vem e segue-me!". Esta Palavra do senhor está inscrita em seu túmulo porque em março de 1923 ocorre o evento que vai orientar toda a sua vida: " Aos 20 anos, Jesus Cristo, em um instante, tornou-se Alguém para mim. Oh! Nada de espetacular, não. Naquele longínquo dia de março, eu soube que era amado e que eu amava, e que doravante entre mim e Ele isso seria por toda a vida. O jogo estava feito".

O jovem Henri Caffarel havia encontrado "Alguém". Portanto, tudo o que ele vai fundar e organizar será, aos poucos, do jeito que o Senhor for lhe mostrando. O Cardeal Jean-Marie Lustiger fala do Pe. Henri Caffarel como de "um profeta do século XX", pois ele tinha consciência de estar fazendo "algo novo para a Igreja".

Henri Caffarel é tocado pelo amor do Senhor. O ministério do Pe. Caffarel será ao serviço do amor, "ser amado, amar". O amor do Senhor é para ele fonte de dinamismo e de vida. De imediato ele entra em sintonia com os casais desejosos de desabrochar seu amor à luz do Senhor.

Qualquer que seja a obra empreendida, o Pe. Caffarel terá um único objetivo: colocar cada um diante do Senhor, origem de toda vocação.

Rigor, exigência, precisão nos detalhes, vontade de ir até o fim, olhar concreto sobre os acontecimentos e os seres, capacidade de se desfazer de tudo o que não vai no sentido daquilo que ele vê... eis como é o Pe. Henri Caffarel.

(do livro Pe. Caffarel: Profeta do Matrimônio)



ENSINAMENTOS DO Pe. CAFFAREL
 

 

A Eucaristia tem um lugar central na vida cristã, mas não deve estar isolada dos outros elementos dessa vida cristã, alguns dos quais preparam-lhe o terreno, outros são a sua frutificação. Contentar-me-ei em mecionar três deles, de insubstituível importância: a cultura da fé, notadamente por um contato habitual com a Palavra de Deus; a oração - quero aqui falar da oração mental que alguns designam por meditação ou oração interior; e o amor ao próximo, um amor ao mesmo tempo vivo e eficaz. (Textos Escolhidos - Pe. Caffarel)

 

Olhando com atenção, veremos que, frequentemente os equipistas não vem à reunião mensal animados pela mesma intenção. Como não resultar disto tensão e conflito?

Às vezes, os casis que entram nas Equipes não entenderam os verdadeiros fins do Movimento, como definidos na primeira parte da Carta. Porque aqueles que os convidaram, ou empurraram, não apresentaram a exata razão de ser das ENS, com o pretexto de não assustá-los.

Existem também os que não tem intenção alguma, que participam por pura rotina, para não magoarem seus companheiros ao deixarem a equipe.

Eis porque é necessário verificar frequentemente nas reuniões mensais, o rumo para o qual cada um está sendo orientado. Isso é função do CRE e do SCE a quem cabe lembrar a razão de ser das Equipes (Pe Caffarel Centelhas de sua mensagem)

 

As ENS tem que ser ao mesmo tempo um Movimento de iniciação e de aperfeiçoamento. Um Movimento de iniciação é mais simples. Um Movimento de aperfeiçoamento exige que se estabeleçam regras para permitir o progresso dos que a ele pertencem. Bem, devo resumir os elementos do Carisma Fundador, tal e como tem aparecido ao longo dos anos.

• O  Casamento é obra de Deus, é obra prima de Deus.
• O  Casamento tem uma alma, que é o amor, e deixar de lado o amor é condenar o matrimônio.
• Homens e mulheres não podem ser fiéis ao amor sem a ajuda de Cristo. Por isso Ele criou o sacramento do matrimônio, que é preciso aprofundar.
• Os cristãos casados são chamados à santidade.
• A vida Conjugal comporta grandes riquezas, mas também grandes exigências.
• É necessário elaborar uma espiritualidade do casal, que não pode ser nem a espiritualidade do solteiro nem a do monge.
• Não se pode viver tudo isso, senão com a ajuda de um Movimento, que oriente os pensamentos e que emoldure a vida.

Tudo isso é o que se entendeu bem sobre o Carisma Fundador do Movimento das ENS.

 

O amor fraterno é extraordinariamente fecundo. Ao seu redor e com seu influxo o mal retrocede e o deserto se torna fértil.

Uma comunidade fraterna é uma mensagem de Deus aos homens: sua mensagem mais importante, aquela que revela a vida íntima de Deus, sua vida trinitária. Ver cristãos que "são um", como o Pai e o Filho são Um, é o sermão mais eloquente e persuasivo.

Nada glorifica mais a Deus que cristãos unidos. É a grande obra prima da graça divina. Deus se compraz neles, descobrindo um reflexo de sua vida trinitária. "Os céus cantam a glória de Deus". O amor fraterno canta o Amor eterno.

Que este seja seu ávido propósito: fazer de sua equipe o êxito da caridade.

A oração em comum, a coparticipação, a partilha, a troca de idéias, tantos outros meios colocados à sua disposição para permitir que se juntem ao nível das almas, "em nome de Cristo", em Cristo. Com frequência, é grande a tentaçao de limitar-se somente ao terreno da amizade humana. É preciso reagir continuamente: a amizade cristã é uma conquista.

 

Se vocês jogam lealmente o Jogo das Equipes, vocês contam com uma ajuda eficaz. Se, durante a troca de idéias, cada um exprimir o que pensa, com absoluta simplicidade, se confessar o que ignora, se buscar a resposta a uma pergunta que é formulada, se refletir junto com todos os outros sobre a forma de traduzir em sua vida a verdade melhor compreendida, não tardará a tornar-se VERDADEIRO. Se nossa oração, na reunião mensal, é algo mais do que uma bela dissertação, se ela traduz, mediante algumas palavras despidas de eloquência, de literatura, como se estivéssemos sozinhos diante de Deus, um pensamento, um desejo, um sentimento profundo da alma, chegaremos a nos tornar VERDADEIROS. Se cada um praticar lealmente o que chamamos de partilhar, os membros das equipes não tardarão a se tornarem VERDADEIROS. Parece tão natural para casais que se submeteram a uma regra juntos e num espírito de ajuda mútua, que se mantenham a par dos esforços e dificuldades de cada um. Então, por que motivo tantos casais se opõem a partilhar? Não será, talvez, porque ainda estão acostumados a aparentar, a representar seu personagem, a cultivar sua reputação? Quando os casais de uma equipe se esforçam, por eliminar toda mentira, por se manterem em uma absoluta sinceridade, então - como me escrevia um deles - "a comunhão dos santos entre cristãos que se tornaram transparentes uns com os outros, já não é apenas um dogma em que se acredita, mas uma experiência que se vive". Pe Caffarel Centelhas de sua mensagem

Ensinamentos do Padre Caffarel

 

- O Casamento é uma obra de Deus, a obra-prima de Deus.

- O casamento tem uma alma, que é o amor. E esquecer o amor é condenar o matrimônio.

- Os homens e as mulheres não podem ser fíéis ao amor sem o auxílio de Cristo. Por isso Ele inventou o sacramento do matrimônio, que é preciso aprofundar.

- Os cristãos casados são chamados à santidade.

- A vida conjugal comporta grandes riquezas e também grandes exigências.

- É necessário e indispensável elaborar uma  espiritualidade do casal.

- Não se pode viver isso senão com ajuda de um Movimento, que oriente os pensamentos e enquadre a vida. (O Carisma Fundador - Discurdo de Chantilly)

 

O amor e a abnegação são as duas faces da medalha. Não há amor sem abnegação, e uma abnegação que não seja uma abnegação de amor é uma abnegação impossível de se praticar. Refletindo sobre isso, compreendi que o Senhor inventou o matrimônio como o grande meio de desenvolver o amor, e como grande meio de favorecer a abnegação.

Moralidade da história: O verdadeiro meio de morrer para si mesmo, para este egoismo que incessantemente nos atormenta, é amar, amar de manhã até à noite, e nunca se deixar cair no "para mim", e ficar sempre na atitude do "para ti". ( O Carisma Fundador - Discurso de Chantilly)

 

CONSTRUTORES OU INQUILINOS

 

Para viver um Movimento de espiritualidade é preciso aderir a ele (entenda-se esta palavra em seu significado pleno). O arrendatário de uma casa se sente em paz uma vez que tenha pagado o aluguel e aproveita, então, o conforto que encontra nela; mas o membro de um Movimento não pode permitir-se estar tranquilamente instalado.

Não podemos situar-nos frente ao Movimento como o inquilino frente ao proprietário ou o empregado frente ao patrão. Devemos sentir-nos membros de um todo, responsáveis por tudo, solidários com todos. Não podemos apartar-nos nunca, independentemente do Movimento decair ou progredir.

Um Movimento vivo é um Movimento que está em construção a cada dia, graças à ação de cada um de seus membros. Cada um, na obra, assume uma responsabilidade que lhe é própria, segundo suas atitudes particulares, seus recursos, seu tempo, sua generosidade...

Um Movimento declina para a morte quando seus membros deixam a mentalidade de construtores para assumirem uma mentalidade de inquilinos!

Contribuem vocês todos, membros das Equipes de Nossa Senhora, para edificar o Movimento? Convido-lhes a colocarem esta questão na mesa. Porque é necessário que o Movimento viva e cresça. 
(Pe. Caffarel - Centelhas de sua Mensagem)

 

SEJAM SANTOS

 

A santidade até há pouco parecia exigir a fuga do mundo, mas agora sempre mais reivindica seu lugar no mundo. Essa reconquista da natureza pela graça exige que a santidade esteja presente por toda a parte no mundo moderno. Aí está todo o problema: teremos santos leigos (santos... fique claro: homens totalmente entregues a cristo, habitados pela caridade, movidos pelo Espírito), operários, camponeses, industriais que sejam santos, políticos que sejam santos, artistas que sejam santos?

A santidade, que vem a ser isso? Nada de definições abstratas. Mas um convite a olhar para modelos. E entre estes modelos, São Paulo. Desde logo percebemos que esse santo é um apaixonado de Cristo. Em cada página das cartas do apóstolo vemos borbulhar o seu amor por aquele que o conquistou depois de áspera luta.

Essa é  a santidade cristã: um amor, esse amor pelo Cristo que devora o coração de Paulo.

Qual o caminho para chegar até a santidade? Em primeiro lugar os sacramentos da Igreja e principalmente a Eucaristia.

E existe um outro alimento, não menos necessário que a Eucaristia para o organismo espiritual do cristão: a Palavra de Deus. Nosso amor a Deus, para continuar vivo, exige fé viva, um conhecimento vivido.

Contudo a Eucaristia e a Palavra de Deus não produzirão em nós seus efeitos vitais e transformadores a não ser que nossa alma esteja irrigada pela oração interior. 
                        A ORAÇÃO DO LAR

A oração conjugal é um desses momentos privilegiados em que o lar se abre à ação do Espírito Santo. A oração conjugal é um tempo forte do sacramento do matrimônio. 
O sacramento do matrimônio não é caminho para Deus a menos que o casal recorra regularmente às energias espirituais que ele contém. Para isso um dos grandes meios é a oração conjugal. Seja qual for sua forma ou fórmula, ela faz com que os esposos se voltem para a fonte de seu amor, que é Deus, para lhe pedir ajuda. Ela relembra ao Cristo o compromisso que ele assumiu quando, pelo "SIM" do sacramento, deu esses dois filhos seus um ao outro. Ela abre o coração do marido e da mulher à ação do Espírito Santo que cura e transfigura seu amor. Numa palavra, a oração é o recurso confiante à graça do sacramento do matrimônio. 
Com efeito, o Cristo está presente no lar que se dá a ele. É por isso que o lar cristão, como nos diz São João Crisóstomo, é uma pequena igreja. É certo; o Cristo está presente junto daqueles que se reunem em seu nome (Mt 18, 20). Mas no caso do casal cristão ainda há mais: uma aliança, no sentido bíblico, entre o Cristo e o lar.

 

(Orar 15 dias com Henri Caffarel - Jean Allemand)

 

CRISTO NO CENTRO DE NOSSAS VIDAS

 

Na origem da vocação do Pe. Caffarel há um encontro, seu encontro com Cristo, um encontro radical que transforma toda a sua vida, um encontro no qual, de imediato, "o jogo está feito". Cristo está no coração da vida do Pe. Caffarel, sua vida inteira é acolhida em si da vida de Cristo. Ele faz questão de transmitir a necessidade  de acolher Cristo em si, fundamento da vida cristã. É o que está na origem de sua vocação sacerdotal e de sua mensagem apostólica. Para o Padre, isso adquire um caráter de absoluto, de intransigência e passa por uma busca permanente de Cristo, através da escuta de sua Palavra.

Desejar Deus, buscá-lo em todas as coisas, é o que precede o Amor total, daquele que é todo Amor para o homem. O padre Caffarel, que vive deste Amor de Cristo, não hesita em exortar com vigor e energia nossa moleza, nossa falta de entusiasmo em seguir o que é o ideal cristão a seus olhos. Ele lembra constantemente a necessidade de dialogar com Deus na oração ou na meditação, de nutrir-se, cada dia, da Palavra, do Evangelho, dos textos sagrados: é este o preço que torna possível viver o ideal evangélico de maneira absoluta, sem concessões.

( Pe. Caffarel - Profeta do Matrimônio - Super Região Brasil)